terça-feira, 17 de maio de 2011

15 de dezembro de ....

            Estava á beira da ponte.
            O jornal não me dizia mais nada,todo o mundo a assistir o infeliz final.Eles diziam como era patético todo o show daquela garota que havia tatuado em si o seu fim.Por algum motivo não a julguei,podia sentir seu pulsar,sua vontade de gritar ao outro seus pensamentos,seu poder expressar e seu declarar das dores.
            Não dormi a noite,ouvia o barulho do seu corpo bater na água,me agonizava como seu eu de alguma forma não tivesse feito o bastante,nem sai da cama,havia passos e todo o calafrio já era rotina daqueles cinco dias passados.E a carta estava lá,sem nomes nem endereços.A deixei no quarto e sai,pedidos de socorros e choros,ela sorria e me levava de mim.
             A carta  estava lá,a dizer sobre um outro sofrer,me contava os seus mais belos segredos.Antes de continuar a ler,lhe escrevi um pouco,nada além  da minha vida,já havia anoitecido e na janela uma carta,confiei no sereno,sabia que  a brisa poderia entrega-la.  
             Mais um dia,o despertador me mandava levantar,um bilhete e um endereço,tudo o que eu tinha para um fim de semana sem ninguém.A mochila estava arrumada,não sabia ao certo onde iria.Era lindo,longe e cheio de mensagens.Nelas,pedaços de historias,como  um quebra-cabeça,restava a mim completar a ultima peça.O sol de um novo dia já raiava e eu não conseguia sair daquele lugar,o horizonte me mostrava como era lindo viver enquanto as cartas me diziam o contrario.
              Enrolada em um lençol,buscava poder acordar desse longo pesadelo,diante de tantos por que eu? essa me amedontrava  e então não conseguia continuar.
              A escrevi de novo,precisava de ajuda,pistas,qualquer coisa que me levasse a algum lugar.Lhe contei sobre minha infância,ainda me lembro do sentir dor e chorar pelo outro.Ela  me respondeu,disse que essa era minha vida,não podia lutar comigo mesma que eu havia de aceitar.
              Eu pude o sentir,ele estava ali,esperando que alguém correspondesse seu sorriso e foi o que eu fiz,como se nos conhecessemos a mais tempo,nos despedimos e recebi uma rosa.O telefone tocou na manhã de terça-feira,ela disse que o mundo não daria  oportunidades pra minha felicidade,que eu não precisava tentar,sabia que o meu sofrer acabaria em um sabado insolarado.
              Quando mais tarde em casa percebi um relogio,era marcado 8:43 e por mais que o tempo passasse não era possivel mudar o horario,era quinta-feira e meu quarto não estava mais claro,havia um caminho,uma trilha que me levaria ao meu final.
                E o sabado se fez,como o mais lindo de todos os dias,não eram mais de 6:40 e eu deixava ali uma carta,com todas as instruções,todos os pedidos e minha historia.A caminhada parecia longa.
                 15 de dezembro de .... 8:43
    A brisa pedia meus cabelos,a água pedia meu corpo e a ponte me pedia a vida,eu a entreguei.

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